há de se contar uma
história.
Dessas onde não faltem animais,
ou deuses e muita fantasia.
Porque é
assim – suave e docemente –
que se despertam consciências.”
Jean de La Fontaine
"Fábula: narrativa alegórica com função moral, tendo animais ou pessoas como personagens"
A definição sobre o que são fábulas nos diz que são pequenas histórias que trazem consigo alguma lição de moral. As personagens das fábulas são geralmente animais e representam características humanas (quando os personagens são seres que não possuem vida, a fábula recebe o nome de apólogo).
Surgiram no Oriente e tiveram períodos históricos variados, entretanto, se popularizaram no mundo todo através da oralidade e das obras de autores dedicados ao gênero.
👉 Dica Pedagógica: O EXERCÍCIO FILOSÓFICO
Caro educador, que visita aqui o blog: o que me chama a atenção nas fábulas, apesarem de algumas serem tão curtinhas, é a possibilidade da dialética.
É característica da fábula vir acompanhada por um dito popular ou frase de moralidade, no final. Muitas vezes, apresentada assim, dessa forma, numa leitura no livro didático, apenas chamando a atenção para o que caracteriza esse gênero literário, perde-se a oportunidade de filosofar junto aos alunos.
Visto que a própria disciplina de Filosofia tem corrido o risco de ser retirada dos currículos escolares, defendo que o exercício filosófico deve ser uma prática desde os primeiros anos escolares.
Para isso eu proponho que o trabalho com fábulas entre na agenda semanal como uma rotina. Porém, não basta só a leitura da fábula. Como então, fazer essa provocação, fazer com que os alunos exponham suas ideias e opiniões, de uma forma cada vez mais natural e desenvolvida? Eis algumas sugestões:
- Estabeleça dia e horário. Os momentos podem ser de "fechamento" (como antes de sair para o recreio) ou ainda, de "introdução" (o início da aula daquele dia da semana)
- Uma cantiga relacionada ao tema ou que tenha uma melodia calma ajuda a preparar o clima, a concentração.
- Apresente uma questão, uma pergunta relacionada ao conteúdo daquela frase (pode ser escrita no quadro). Peça que os alunos guardem a resposta/opinião para depois da leitura da fábula.
- Momento de fazer a apresentação da fábula (com leitura, vídeo, fantoches,etc). Se for por leitura, pode haver um combinado prévio onde os alunos vão se revezar a cada sessão.
- Junte à pergunta inicial a frase de moralidade/ dito popular que acompanha a história. Mas, evite explicar o que ela significa. Agora é a hora do exercício. Vá incentivando os alunos a responderem e colocarem suas opiniões.
- Em vez de "fechar" logo a discussão, lance novas perguntas. E ao final, proponha ao grupo a elaboração de uma frase que traduza o ensinamento da fábula para eles. Pode ser que apenas ratifiquem a moral ou ainda, que vejam algum sentido novo.
Por exemplo, a fábula que gravamos (A RAPOSA E O GALO) costuma trazer como moral: "é preciso ter cuidado com amizades repentinas" . Vocês podem chegar a outra moral, observando algum outro aspecto da história...
Em tempos de "fake news" eu gosto de perguntar ao alunos se eles acreditam em qualquer notícia que ouvem por aí...
"Nem tudo que se vê,
nem tudo que se sente,
nem tudo que se ouve,
se deve fazer patente"
Os grandes nomes das fabulas são Esopo, Fedro, La Fontaine e o brasileiro Monteiro Lobato.
Quem foi Esopo?
As lendas em torno de seu nome o retratam como um escravo, corcunda, gago , porém dono de uma rara inteligência! Nasceu na Grécia, no século VI antes de Cristo. Uma biógrafa egípicia (do Séc. I) conta que Esopo foi vendido como escravo a um filósofo que, admirado com seu talento, lhe concedeu a liberdade.
Ele sabia contar histórias simples e divertidas, usando os animais como personagens para passar as lições de moral. E suas fábulas se afamaram, inspirando numerosos autores no decorrer da história.
Fedro (30/15 a.C. – 44/50 d.C.) foi um seguidor de Esopo. Fabulista romano nascido na Macedônia, Grécia. Filho de escravos, provavelmente foi alforriado pelo imperador romano Augusto. Quando iniciou-se na literatura, tentou enriquecer estilisticamente muitas fábulas de Esopo, pois a maioria delas não era escrita, mas transmitidas oralmente.
Fez a sátira dos costumes e personagens da época. Por isso, com o grande incômodo que causaram as suas críticas, acabou sendo exilado. Foi o único poeta do império de Tibério. Publicou cinco livros de fábulas esópicas, com prováveis alusões aos acontecimentos de sua vida.
Outro autor inspirado por Esopo foi Jean de la Fontaine (séc. XVII). Francês, filho de burgueses, teve apoio da nobreza para dedicar-se à literatura. Escreveu poesias e comédias, entretanto, foram AS FÁBULAS (escritas em versos e reunidas em 12 livros) que o tornaram conhecido no mundo inteiro.
As fábulas clássicas ganharam vida nova com as adaptações de La Fontaine, misturando humor e poesia. Tornaram-se verdadeiros retratos de como era a sociedade. Graças ao sucesso desta obra, ele conquistou uma cadeira na Academia Francesa de Letras e ficou conhecido como o "poeta da França".
Já o brasileiro Monteiro Lobato, autor do conhecidíssimo Sítio do Picapau Amarelo, dedicou um dos volumes que compõe essa obra exclusivamente às fábulas. No livro as fábulas são contadas por Dona Benta e no final, seus netos e a boneca Emília comentam o que ouvem. Aliás, diversas vezes a Emília contesta a fábula e seus personagens, fazendo graça com novas reflexões.
O nome completo de Lobato era José Bento Renato Monteiro Lobato, nasceu no interior de São Paulo, na cidade de Taubaté em 18 de abril de 1882 e morreu na cidade de São Paulo em 4 de julho de 1948.
FONTES DE PESQUISA
CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. São Paulo, Global, 2000.
MOTA, Leonardo. Adagiário brasileiro. São Paulo. USP, 1987
https://www.materias.com.br/literatura/o-que-sao-fabulas.html
https://www.pensador.com/autor/fedro/biografia/
Nenhum comentário:
Postar um comentário